Foi-se o tempo em que a profissão de professor era valorizada.
E a culpa pelos péssimos índices relativos à educação é quase sempre do professor.
Professor despreparado, desmotivado, que não se atualiza...sempre a meeesma história.
Sinceramente, eu não pensei que fosse viver para ver isso: campanha para valorizar o professor? Soou estranho. Eu não gostei. Pelo menos não dessa forma. (assista o vídeo do MEC abaixo)
Sinceramente, eu não pensei que fosse viver para ver isso: campanha para valorizar o professor? Soou estranho. Eu não gostei. Pelo menos não dessa forma. (assista o vídeo do MEC abaixo)
Eu queria ser valorizada por quem está perto de mim e depende dos meus serviços.
Um "muito obrigada" das coordenadoras seria um excelente começo. Ou quem sabe o reconhecimento dos pais que gastam cinco minutos do seu precioso dia com suas crias mas o que importa é a qualidade do tempo. (falo com propriedade. Sou mãe de 3)
Ahhh se pais e mães fossem à escola menos stressados e não simplesmente exigindo que o dinheiro referente à mensalidade fosse bem empregado porque ele se mata pra dar de tudo para o rebento e reconhecesse que monitorar 40 adolescentes juntos é uma tarefa no mínimo desafiadora... Sem contar que os lindos rebentos levam consigo para a sala de aula todas as angústias típicas da idade, somadas às mazelas familiares, às doses hormonais excessivas, ao sono de quem ficou no PC madrugada adentro, às carências afetivas dos relacionamentos e amores mal resolvidos, à ressaca e outras cositas mas que eu prefiro não comentar.
Levam tudo isso mas não levam a tarefa bem feita, o material organizado e completo, o interesse pelos estudos. Esquecem também a boa e velha educação, o respeito, os valores éticos e morais. Porque entramos no terceiro milênio, na era da tecnologia, da informação e da robótica mas nada substitui o caráter e a educação esmerada. Ah! Que saudades do meu rígido pai...
Mas sabe o que eu queria mesmo? Na verdade eu pagaria por essa experiência: eu queria ver alguns dos grandes teóricos da educação pós-moderna atuando em sala de aula, na minha 8ª C, por exemplo, na última aula. Queria saber também como seria o desempenho de algumas
coordenadoras e supervisoras; aqueeeelas que estão longe da sala de aula há vinte anos e exigem que o professor seja competente, antenado, tenha domínio das turmas, entregue os 219 relatórios de desempenho dos alunos, faça um planejamento histórico-crítico perfeito, utilize novas tecnologias, prepare aulas interessantes e dinâmicas, seja criativo, cumpra o calendário, seja organizado, prepare e corrija provas como mediador, seja amável e cordial, não coloque alunos para fora da sala de aula e sorria, sempre!
Então, penso que essa campanha surgiu da preocupação em relação a uma realidade enfrentada pelo governo: estão faltando professores. A profissão não oferece mais atrativos. Nem status, nem renda, nem reconhecimento...Para os alunos, somos os vilões que incomodam com leituras, pesquisas, exigências, provas, notas, acordar cedo...como se a nossa missão maior fosse dificultar a felicidade deles. Para alguns pais, devemos facilitar a vida de todos porque dá trabalho ensinar os filhotes a ter disciplina de estudo e além disso os rebentos são muito ocupados com balé, inglês, judô, piano, informática, futebol (vai que vira um Ronaldo?), teatro, coral, afff!
Sentar com o filho, ensinar a organizar o caderno, limpar o estojo, elaborar um trabalho, fazer um esquema para estudar para a prova exige tempo. A escola tem que dar conta disso. Tem que dar conta também do conteúdo do vestibular, do ENEM, das notas para passar de ano, dos medos, das brigas, das dores de cabeça, de estômago, da espiritualidade, dos valores e das bobeirinhas cotidianas.
Mesmo assim, amo ser professora e sempre digo: eu não dou aula. Eu vendo, baratinho.